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Atualmente, a maior parte dos kits de diagnóstico utilizados no Brasil é importada, de custos elevados

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Um teste rápido que utiliza amostra de sangue do paciente para detectar doença de chagas foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) do campus de Divinópolis (MG). O método é capaz identificar casos positivos da doença de forma precisa em até 15 minutos.

Atualmente, a maior parte dos kits de diagnóstico utilizados no Brasil é importada, o que eleva os custos e dificulta a distribuição. Além de ser uma tecnologia nacional, o teste pode ampliar o acesso e alcançar um número maior de pacientes, em regiões mais distantes dos centros. 

A pesquisa é coordenada pelo professor Alexsandro Galdino, um pesquisador com experiência na área de desenvolvimento de moléculas para diagnóstico, inovações tecnológicas e empreendedorismo em ciências da vida. O especialista trabalha há mais de dez anos na busca por esta alternativa para o mercado nacional e afirma que, junto com a equipe, espera que Minas Gerais seja protagonista no desenvolvimento de kits diagnósticos locais. 

Sob a supervisão e incentivo do professor, o farmacêutico Carlos Resende, que possui mestrado em Ciências Farmacêuticas pela UFSJ, ingressou na pesquisa. Por dois anos ele atua no aprimoramento dos testes, utilizando amostras cedidas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Nosso trabalho contou com a participação de várias pessoas até se consolidar neste resultado. Fizemos desde a triagem dos epítopos até prova de conceito da molécula", explicou.  

No doutorado em biotecnologia, o estudante focou no tema 'Desenvolvimento de kits de diagnósticos imunológicos para doenças de chagas por demanda empresarial'. “É um desafio. Uma responsabilidade muito grande, porque a gente tem o poder de melhorar a vida de e ajudar as pessoas. E eu acho que ciência é isso, é poder contribuir e devolver algo para o próximo, tirar de dentro da academia e levar para a população”, refletiu Carlos Resende.

O projeto também é fruto das orientações de vários alunos que passaram pelo laboratório e se consolidou nos trabalhos de Pós-Doutorado da Ana Alice Gonçalves e no trabalho do Doutorando Carlos Resende. Além desses, a professora Mariana Campos da Paz é colaboradora do trabalho na UFSJ.

Continuidade

Apesar dos resultados serem promissores, ainda é crucial ampliar a testagem com mais amostras para garantir a confiabilidade do teste e validá-lo. Para isso, os pesquisadores estão buscando mais parcerias. 

Até o momento, o estudo conta com o apoio de parceiros como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Só conseguimos validar esse teste, graças a um grande número de colaboradores, muitos deles especialistas na doença de chagas. Eles nos cederam soros caracterizados, tanto positivos quanto negativos, para a validação inicial do teste. Isso é o que chamamos de prova de conceito”, explicou o professor.

O processo de validação foi minucioso e envolveu análises laboratoriais com a técnica chamada “Elisa”, utilizando antígenos produzidos de forma recombinante, explica a professora Mariana. 

No futuro, a expectativa é disponibilizá-lo para o Sistema Único de Saúde (SUS) e, assim, beneficiar milhões de brasileiros que sequer sabem que são portadores da doença, afirma Ana Alice.

Doença negligenciada

A doença de Chagas é transmitida principalmente pelo barbeiro, um tipo de percevejo que se alimenta de sangue. Durante a picada, o inseto defeca sobre a pele e as fezes contaminadas podem entrar no organismo através de feridas ou mucosas quando a região é coçada.

De acordo com a Superintendência Regional de Saúde (SRE), o número de testes realizados para a doença vem crescendo nos últimos anos. Em 2020, foram realizados 158 testes. Em 2021, 219. Em 2022, 602 e, em 2023, o número subiu para 2.200. Os casos confirmados também aumentaram: de nove, em 2020, para 128, em 2023, na fase crônica da doença, que pode comprometer órgãos como o coração, o esôfago e o intestino.

Medicamento inovador atua no sistema nervoso periférico, oferecendo alívio eficaz sem os riscos de dependência associados aos opioides, e representa um avanço no tratamento da dor aguda

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A suzetrigina 50 mg (Journavx, desenvolvida pela Vertex Pharmaceuticals) recebeu recentemente a aprovação da Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória dos Estados Unidos, como um analgésico não opioide de nova classe para o tratamento de dores agudas moderadas a graves em adultos. Este medicamento representa uma inovação no campo da dor, atuando de forma seletiva no sistema nervoso periférico.

O mecanismo de ação da suzetrigina baseia-se na inibição da via de sinalização NaV1.8, um alvo validado para o controle da dor periférica. Diferente dos opioides, que atuam no sistema nervoso central, a suzetrigina bloqueia os sinais de dor exclusivamente na periferia, o que resulta em um alívio eficaz sem os riscos de dependência associados aos opioides, conforme destacado pela empresa em um comunicado oficial.

A FDA concedeu ao fármaco as designações de revisão prioritária, fast-track e inovadora, reconhecendo seu potencial para atender a uma necessidade médica não satisfeita. O medicamento está disponível em comprimidos de 50 mg, com recomendação de uso duas vezes ao dia.

Segundo a Dra. Jacqueline Corrigan-Curay, diretora interina do Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos da FDA, a aprovação da suzetrigina marca um avanço significativo na saúde pública, especialmente no manejo da dor aguda. “A introdução de uma nova classe terapêutica não opioide para o tratamento da dor aguda oferece uma alternativa valiosa, reduzindo os riscos associados ao uso de opioides e ampliando as opções terapêuticas para os pacientes. Essa aprovação reflete o compromisso da FDA em promover soluções seguras e eficazes para o controle da dor”, afirmou.

A eficácia e a segurança da suzetrigina foram comprovadas em dois estudos clínicos de fase 3, randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo. O primeiro estudo envolveu 303 adultos submetidos a abdominoplastia, enquanto o segundo incluiu 274 pacientes que passaram por bunionectomia. Em ambos os casos, o ibuprofeno foi permitido como medicamento de resgate, se necessário. Os resultados demonstraram uma redução significativa e rápida da dor nos grupos tratados com suzetrigina em comparação ao placebo.

O perfil de segurança do medicamento foi considerado favorável, com efeitos adversos geralmente leves. Entre os mais comuns estão coceira, espasmos musculares, elevação dos níveis de creatina fosfoquinase no sangue e erupções cutâneas. É importante ressaltar que a suzetrigina é contraindicada para uso concomitante com inibidores potentes da enzima CYP3A. Além disso, recomenda-se que os pacientes evitem o consumo de toranja ou derivados durante o tratamento.

O custo do medicamento foi estabelecido em US$ 15,50 por comprimido de 50 mg, conforme informado pela farmacêutica responsável. Essa aprovação representa um marco importante no desenvolvimento de terapias inovadoras para o controle da dor, oferecendo uma alternativa segura e eficaz aos opioides.

Eficácia da Prep na prevenção ao HIV é comprovada por estudo internacional

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A profilaxia pré-exposição (PrEP) tem sido uma estratégia eficiente para prevenir o HIV no Brasil e em outros países da América Latina. Foi o que comprovou um estudo recente publicado na revista The Lancet HIV. A pesquisa revelou bons índices de adesão ao tratamento e acompanhamento terapêutico, mostrando que a PrEP é uma ferramenta essencial na luta contra o vírus, especialmente entre grupos mais vulneráveis, como homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres trans.

O estudo acompanhou, entre 2018 e 2021, o total de 9.509 pessoas no Brasil, no México e no Peru, sendo 3.928 brasileiros. E os resultados foram promissores: a adesão ao tratamento foi satisfatória e a incidência do HIV diminuiu entre os participantes que mantiveram o uso do medicamento.

Os voluntários eram na maioria de homens gays, bissexuais e HSH (94,3%), enquanto 5,7% eram travestis e mulheres trans. No entanto, o estudo apontou que a adesão foi menor entre jovens e populações mais vulneráveis, que enfrentam mais barreiras para manter o acompanhamento. Nesses grupos, a incidência do HIV foi maior, reforçando a necessidade de estratégias mais acessíveis e personalizadas.

Apesar da eficácia da PrEP, os pesquisadores destacam que fatores sociais e estruturais também precisam ser considerados para ampliar o impacto da prevenção. O acesso à saúde, à informação e às políticas públicas inclusivas são fundamentais para garantir que todos possam se beneficiar da PrEP.

O estudo foi realizado pelo Grupo de Estudos ImPrEP e contou com a colaboração de instituições renomadas, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Ministério da Saúde do Brasil e a Universidade Peruana Cayetano Heredia. A pesquisa busca fortalecer as políticas de prevenção na América Latina e expandir o acesso à PrEP.