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Profissionais que se orgulham de atuar nas suas próprias comunidades, mostrando a força e o desejo da assistência farmacêutica

Por Dennis Martins 

Boa Vista, Roraima - O Conselho Regional de Farmácia de Roraima (CRF/RR) tem muito a se orgulhar quando se trata da atuação de farmacêuticos indígenas nas comunidades. Esses profissionais desempenham papel crucial na assistência à saúde dos povos indígenas e a presença é fonte de esperança e confiança para as comunidades locais. 

A especialista em saúde indígena, Alicera Januário de Souza, 40 anos, da etnia Macuxi, trabalha na Casa de Saúde do Índio (CASAI) no Distrito Leste de Roraima é uma dessas profissionais. Ela se sente honrada por representar seu povo e é um exemplo inspirador de como a saúde indígena pode ser fortalecida por profissionais que entendem a cultura, os costumes e as necessidades específicas dessas comunidades. A dedicação e o compromisso são fundamentais para melhorar a qualidade de vida dos povos indígenas. 

"Eu atendo meu povo, várias pacientes, de várias etnias. Ser farmacêutica indígena para mim é uma honra e é muito gratificante. Foi o que eu sempre esperei durante todo o percurso do meu curso. Sempre pensei em trabalhar com a população indígena, com meu povo. Hoje, esse sonho está realizado. Não há nada melhor do que atender nossos parentes e pacientes, vê-los terminar o tratamento e agradecer pelo atendimento. Continuaremos a oferecer toda a assistência de que eles precisam", disse Alicera. 

O Wai-Wai Isaac, 33 anos, é o único farmacêutico na Região III, onde atende seu povo. Ele também é um exemplo de perseverança e determinação. A presença como farmacêutico é um marco para a comunidade e a sociedade em geral. Ele representa a esperança de que mais profissionais indígenas possam seguir os passos e contribuir para a saúde das comunidades. 

"Atualmente sou farmacêutico no extremo Sul do estado de Roraima. Representar meu povo é muito importante para mim. Sou o único farmacêutico III nesta região, mas fico feliz em ver outros jovens estudando para também se tornarem farmacêuticos. Minha trajetória na faculdade de farmácia começou em 2014, mas tive que trancar por motivos financeiros. Durante a pandemia, retomei meus estudos e finalmente me formei em 2022", contou Isaac. 

O marco da Regulamentação da Assistência à Saúde Indígena - Desde 2017, a atuação de farmacêuticos na assistência à saúde dos povos indígenas está regulamentada pela Resolução 649 de 28 de setembro. Essa medida reconhece a importância desses profissionais e estabelece diretrizes para garantir que os serviços farmacêuticos sejam acessíveis e de qualidade para as comunidades indígenas. 

Para o conselheiro federal de farmácia por Roraima, Adônis Motta, a data e a quantidade de pessoas conquistando o espaço profissional, lembra também o dever de respeitar os povos originários e as diferenças que existem entre eles. "Somos uma só nação, brancos, negros, indígenas e pardos; toda a miscigenação deve ser respeitada. Temos muitas profissões exercidas por pessoas que antes não tinham acesso, vemos que esse crescimento faz parte desse acesso e colaboração educacional. Inclusive, o Conselho Federal e Regional em cada cidade participou da construção de respeito", completou Motta. 

A presidente do CRF/RR, Bianca Crispim, destacou o crescimento da profissão e a consolidação das políticas públicas que beneficiam toda a população, incluindo os povos indígenas. Os cursos de capacitação e a valorização dos farmacêuticos indígenas são passos essenciais para promover a saúde e o bem-estar dessas comunidades. "São grandes conquistas. Saber que vários de nossos profissionais levam etnias fortes nas veias nos enche de orgulho, ainda mais que eles mesmos podem entender melhor a realidade de onde estão inseridos devido ao contexto cultural, além de saberem das dificuldades de cada lugar", ressaltou Bianca. 

Em Roraima, a união entre tradição e modernidade na área farmacêutica é motivo de orgulho para o CRF/RR. Os farmacêuticos indígenas são verdadeiros agentes de mudança e o trabalho é fundamental para construir um futuro mais saudável e igualitário para todos. 

Cruzamento das raças - Assim também é um pouco da história de Nelisa Braga, da etnia Baré. Ela é a miscigenação de dois DNAs, da mãe que é Macuxi do estado de Roraima, com o pai, Baré do Amazonas. Ela contou que tem milhares de histórias das dificuldades e vitórias até chegar a ser farmacêutica. 

"Sou farmacêutica indígena e digo que foi uma trajetória árdua, difícil. Saí da minha comunidade para a cidade grande em busca de estudar e, através do estudo superior e de Deus, pude ocupar lugares que sem o estudo não teria possibilidade de ocupar. Tive a oportunidade de estar à frente da assistência farmacêutica indígena, gerenciada pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), ajudando de alguma forma meu povo e minha comunidade", finalizou Nelisa com um sorriso. 

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